barroco, s. m., estilo próprio das produções
artísticas e literárias, que ocorreu aproximadamente entre os fins do séc. XVI e
os meados do séc. XVIII, e que se caracteriza pela pompa ornamental, pelo
preciosismo decorativo, pelo floreado e pelos conflitos entre o espiritual e o
temporal, entre o místico e o terreno; barroca; cova; barranco; pérola de forma
irregular.
A palavra "barroco", como a maioria dos períodos ou
designações de estilo, foi inventada por críticos posteriores, e não pelos
artistas do século XVII e começos do século XVIII. O termo original é português
e designa um pérola irregular ou uma jóia falsa.
Actualmente, o termo
"barroco" pode ser utilizado para caracterizar de forma pejorativa trabalhos
artísticos ou de artesanato excessivamente ornamentados, tal como muitas outras
vezes se emprega o termo "bizantino" como referência a tarefas demasiado
complexas, excessivamente obscuras ou demasiado confusas.
Na realidade, o
barroco exalta valores através da utilização de metáforas e alegorias,
frequentes na literatura deste período, e procura maravilhar e causar espanto,
tal como no Maneirismo, muitas vezes por meio da utilização de artifícios, sejam
eles de linguagem ou pormenores artísticos. Um dos temas privilegiados é o
tormento psicológico do Homem, tendo uma boa parte das suas obras seguido a
temática religiosa, já que a Igreja Católica Romana era o principal «cliente»
dos artistas e eram religiosos muitos dos escritores desta época, nomeadamente
no caso da literatura portuguesa.
Os artistas procuravam a virtuosidade
com realismo, tendo uma enorme preocupação com os detalhes (há quem se refira à
obra barroca como uma complexidade típica).
A
falta de conteúdo era compensada através das formas, as quais deviam suscitar no
espetador, no leitor, no ouvinte, a fantasia e a imaginação. É um momento em
que a arte se encontra menos distante de quem dela pode usufruir, aproximando-se
do público de maneira mais direta, diminuindo o fosso cultural que afastava a
arte do utilizador, o que, por exemplo, acontecia frequentemente nas igrejas
construídas nesta época, quando o luxo aí existente permitia a quem as
frequentasse a sensação de pertença, de que também o povo podia agora entrar em
ambientes recheados de obras artísticas, apreciá-los e deles usufruir.
Na
literatura, encontramos o temática do duplo, a queda que precede a morte, o
gosto pelo bizarro, uma enorme obsessão com a morte, porventura originária das
inúmeras guerras religiosas que por esta altura abundavam em toda a
Europa.
São recorrentes tópicos como o medo da morte, a água corrente que
significa o tempo que passa, com ligação à morte simbolizada pela água entre os
gregos, romanos e celtas, a metáfora das areias movediças, as formas
arredondadas como referência às pérolas irregulares, os reflexos, e a alusão a
mitos clássicos como o de Narciso e os «mises en abyme», que na literatura podem
surgir sob a forma de textos dentro de textos, os quais reproduzem a história
principal em histórias secundárias, tal como o fazem os reflexos entre dois
espelhos colocados em frente um do outro, podendo surgir, por exemplo, numa peça
de teatro em que um dos personagens representa um ator que representa uma
personagem, ou um quadro em que um espelho mostra ao espetador um reflexo da
cena que podemos ver pintada.
Sobre a música do período barroco: aqui.
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